João XXIII: Entranhas misericordiosas geraram tua simplicidade gorda. Brandão: Fundo humo teu drama, porque recôndito bicho metafísico. António Machado: Declives áridos, e ermos píncaros, correntes riachos, tu Castilla. Régio: Realeza, cumes, dor, abismo, ferida. Deus se te amercie. Pessanha: Ópios dormentes, Oriente, alucinadas infusões. Cesário: Delineaste os perfis das nossas ruas; percorreste-as, em televisiva reportagem. Mozart: Troca as asas aos anjos e executa os imbricados scherzos. A. Negreiros: A cores cantaste a náutica Lisboa. Husserl: O que ante esteve disseste. Ricardo Reis: Jesuítico tu? Castigado pagão indiferente. Shakespeare: Tramas múltiplas, abismos, paixões. Porque complicados nos sabias. J. J. Rousseau: Sente o rumurar a água fluindo? Trindade Coelho: Regatos, recônditos recantos, trechos de lamúrias, lengalengas, encantatórias fábulas, ah, a infância. Paredes: Desfiar lágrimas mel um povo a sul. Renoir: As armadilhas, as artimanhas. Afonso Duarte: Montanhês na planura, lavravas versos. Natália: Perpassaste as mãos floridas por papel rugoso; por Alcobaça, num escuro tasco, pousaste rascunhos sobre nada. Bernardim: Doce tristura, saudosa mágoa d'alguém a quem terno amor abandonou. Sebastião da Arrábida: Mudavas de camisola, saltitavas dum barco para outro, apertavas atacadores, trocavas na lapela flor, abraçavas ar, água, montanha. Pound: Da única gesta itálica universal o melhor fabro. Paulo: Tombado a conversão, arrasaram-te o entusiasmo e a bênção. Chagall: Menino sempre em aldeola, à Rússia dos czares. George Braque: Interiores tais quais antes, pairando cegonhas. Cecília: Clássico nos teces o fluir fruído, ingénuo encanto.
Nomes: Anne Frank: Amesterdão: A clarabóia, num sórdido sótão, dava para as nuvens, substância sonhada. Lima: Povoaste com figuras aladas, bailarins, trapezistas o horto amargurado. Hölderlin: Vinho divino, ancestral angústia. Duval: Cantavas: Havia sorrisos que atravessavam a rua. Machado de Assis: Excelente tabelião do idioma. Brel: Golpeados os fios que moviam a marioneta, eis-te em fuga ante ti próprio. Junqueiro: Luz mariana e flor da urze, em torno ao simplicíssimo burrico companheiro. Senghor: Salmos da África, tambores eclodindo antiquíssimos ritmos. Rilke: Soturnos anjos, a acolhida noite, indiciavam carinhos. Camilo Castelo Branco: O Verbo esfarelaste, comum banquete. Simone Weil: 3 da manhã, grutas ao metro, em Londres, com O Cristo Transeunte acamaradaste. Antero: Limpidez, a ideia nova, traída por insanos. Agustina: Reerguendo, em painéis, a casa arruinada. Jiménez: Moguer tuyo, tu Platero; New York, tu mujer. Virgílio: A felicidade pela agricultura, áurea mediania, excepcional opção. Manoel: Filmaste a cor e luz um Douro duradouro. Dante: Ante o fogoso amor continuando a pastorear estrelas. Teresa d'Ávila: Dizer-te é dizer Deus; e só Deus basta. Carlos de Oliveira: Trabalho infindo, infindo verso. Bellow: Àquele que conquistou o mundo que baque inquietante lhe diz que algo lhe falta? Camões: Rezaste o amor excelente. Pascoaes: Peregrino saüdoso, que freme no teu olhar entornado? Kafka: Real o ver irreal. Hoje ao pé de ti a noite perturbada. Beckett: Absurdo, gratuito grito. Federico: Sangre, sol, areia, folhagem. Aragão: Não é que o Cristo-Rei se entretem com equilibrismos, lançando e aparando no céu vis banquinhos de assento? Dostoievski: Universal envergadura eslava, possessos actores. Böll: Cataclismos, desumanidade; entreteceres carambolantes prosas. Sophia: A perder pra lá a vista, na areia a brancura espuma, a onda iluminada. A. Serpa: O que não vias disseste. Saint-Ex.: O principezinho loiro voa agora em aviões-correio. Rosalia: Sar teu rio, Galiza tua terra, saudade comum dor. Cinatti: Nem chegaste a explicitar umas certas coisas: Desde o Reino em Timor ao engate da garota inglesinha em Sintra. António Maria Lisboa: O exacto dizer especioso. Ruy: O dia a dia dos mil nadas. Vicente Aleixandre: Espanhol camarada, o pó a teu pé volante cantaste.
João XXIII: Entranhas misericordiosas geraram tua simplicidade gorda.
ResponderEliminarBrandão: Fundo humo teu drama, porque recôndito bicho metafísico.
António Machado: Declives áridos, e ermos píncaros, correntes riachos,
tu Castilla.
Régio: Realeza, cumes, dor, abismo, ferida. Deus se te amercie.
Pessanha: Ópios dormentes, Oriente, alucinadas infusões.
Cesário: Delineaste os perfis das nossas ruas;
percorreste-as, em televisiva reportagem.
Mozart: Troca as asas aos anjos e executa os imbricados scherzos.
A. Negreiros: A cores cantaste a náutica Lisboa.
Husserl: O que ante esteve disseste.
Ricardo Reis: Jesuítico tu? Castigado pagão indiferente.
Shakespeare: Tramas múltiplas, abismos, paixões.
Porque complicados nos sabias.
J. J. Rousseau: Sente o rumurar a água fluindo?
Trindade Coelho: Regatos, recônditos recantos,
trechos de lamúrias, lengalengas, encantatórias fábulas,
ah, a infância.
Paredes: Desfiar lágrimas mel um povo a sul.
Renoir: As armadilhas, as artimanhas.
Afonso Duarte: Montanhês na planura, lavravas versos.
Natália: Perpassaste as mãos floridas por papel rugoso;
por Alcobaça, num escuro tasco, pousaste rascunhos sobre nada.
Bernardim: Doce tristura,
saudosa mágoa d'alguém
a quem terno amor abandonou.
Sebastião da Arrábida: Mudavas de camisola,
saltitavas dum barco para outro, apertavas atacadores,
trocavas na lapela flor, abraçavas ar, água, montanha.
Pound: Da única gesta itálica universal o melhor fabro.
Paulo: Tombado a conversão, arrasaram-te o entusiasmo e a bênção.
Chagall: Menino sempre em aldeola, à Rússia dos czares.
George Braque: Interiores tais quais antes, pairando cegonhas.
Cecília: Clássico nos teces o fluir fruído, ingénuo encanto.
Nomes:
ResponderEliminarAnne Frank: Amesterdão: A clarabóia, num sórdido sótão,
dava para as nuvens, substância sonhada.
Lima: Povoaste com figuras aladas, bailarins, trapezistas
o horto amargurado.
Hölderlin: Vinho divino, ancestral angústia.
Duval: Cantavas: Havia sorrisos que atravessavam a rua.
Machado de Assis: Excelente tabelião do idioma.
Brel: Golpeados os fios que moviam a marioneta,
eis-te em fuga ante ti próprio.
Junqueiro: Luz mariana e flor da urze,
em torno ao simplicíssimo burrico companheiro.
Senghor: Salmos da África, tambores eclodindo antiquíssimos ritmos.
Rilke: Soturnos anjos, a acolhida noite, indiciavam carinhos.
Camilo Castelo Branco: O Verbo esfarelaste, comum banquete.
Simone Weil: 3 da manhã, grutas ao metro, em Londres,
com O Cristo Transeunte acamaradaste.
Antero: Limpidez, a ideia nova, traída por insanos.
Agustina: Reerguendo, em painéis, a casa arruinada.
Jiménez: Moguer tuyo, tu Platero; New York, tu mujer.
Virgílio: A felicidade pela agricultura, áurea mediania,
excepcional opção.
Manoel: Filmaste a cor e luz um Douro duradouro.
Dante: Ante o fogoso amor continuando a pastorear estrelas.
Teresa d'Ávila: Dizer-te é dizer Deus; e só Deus basta.
Carlos de Oliveira: Trabalho infindo, infindo verso.
Bellow: Àquele que conquistou o mundo que baque inquietante
lhe diz que algo lhe falta?
Camões: Rezaste o amor excelente.
Pascoaes: Peregrino saüdoso, que freme no teu olhar entornado?
Kafka: Real o ver irreal.
Hoje ao pé de ti a noite perturbada.
Beckett: Absurdo, gratuito grito.
Federico: Sangre, sol, areia, folhagem.
Aragão: Não é que o Cristo-Rei se entretem com equilibrismos,
lançando e aparando no céu vis banquinhos de assento?
Dostoievski: Universal envergadura eslava, possessos actores.
Böll: Cataclismos, desumanidade; entreteceres carambolantes prosas.
Sophia: A perder pra lá a vista,
na areia a brancura espuma, a onda iluminada.
A. Serpa: O que não vias disseste.
Saint-Ex.: O principezinho loiro voa agora em aviões-correio.
Rosalia: Sar teu rio, Galiza tua terra, saudade comum dor.
Cinatti: Nem chegaste a explicitar umas certas coisas:
Desde o Reino em Timor ao engate da garota inglesinha em Sintra.
António Maria Lisboa: O exacto dizer especioso.
Ruy: O dia a dia dos mil nadas.
Vicente Aleixandre: Espanhol camarada, o pó a teu pé volante cantaste.