segunda-feira, 31 de maio de 2010

MOV01866 A Sul, poema de Angelo Ochoa.MPG

1 comentário:

  1. A Sul

    Donzelas roxas poncítias desmaiam, mas basta do sol um ténue raio

    e reanima-se a rua; se não tivéssemos bolsos as mãos despedaçavam-se;

    saltitam avezinhas p’lo empedrado ensaiando uns tímidos devaneios;

    gaivotas pairam voos altos, brancuras rompem entre neblina;

    rafeiros vão perdidos em remanescente ruína, já antes noite petrificada;

    salpicando relva, estremece uma límpida água musical, que purifica;

    a negrilhos em fila prolongando a avenida parecem ascender

    para os olhos sonhadores do poeta as folhas num amarelento matiz;

    gotículas do orvalho à clara luz refervidas cristalizam lacrimosas;

    aéreas flâmulas transmitem morse, vento, murmúrios libertários;

    na nogueira o estorninho desfaz o bico em açúcar a pissitar;

    caudalosa a fluir o alto júbilo a hora grita escancarada.

    ResponderEliminar