segunda-feira, 31 de maio de 2010

MOV02189- Romance -- poema de Angelo Ochoa -- dito pelo próprio.MPG

1 comentário:

  1. Outra vez acendera um cigarro.

    Outra vez à janela.

    Outra vez pensara nela,

    e na última prova.

    Outra vez deglutira

    a metade do forçoso comprimido.

    A véspera fora festa rija:

    Incendiava-se o dividido fuel.

    O mundo tornava-se incomportável.

    Como sair disto?

    Se só restavam ilusórias seguranças.

    Tais como janela, cigarro,

    algum inesperado encontro,

    água por filtros purificada,

    ar ventando,

    de ignorado lugarejo.

    Donde infamemente renovava?

    Respirar, agasalhar, vestir,

    aguardar o alvorecer:

    O instante idealizado:

    Indiferença,

    e não ter que pesar,

    ao esclarecer soalheiro,

    a silêncio,

    brandura,

    sentimento.

    Despertar maravilhas;

    olhares crescendo,

    barba feita,

    cara a dar;

    pobreza, abandono,

    recôndito provento;

    fome,

    divinização,

    água;

    pão,

    vinho,

    mudez.

    Noite ante a janela,

    lidas, rotinas,

    paradoxalmente

    até à liberdade:

    Febre, suor frio,

    esparguete, fim roído.

    Beijos sumidos.

    Chuva miudinha

    sobre a chapa do carro.

    Até logo.

    Barrenta

    a rampa,

    o convento,

    a cerca,

    terra semeada,

    irmãzinhas afadigadas:

    Tudo lento,

    pleno,

    da memória.

    Evasão, ilusão,

    perpetuar

    o vasto dia;

    paisagens arruinadas,

    por fogo batidas.

    O deslizar da esferográfica

    pela completude,

    a remar a vento agreste,

    a ondas e marés,

    estridentando luzes, sons.

    Gola puxada à gabardina,

    um nó à cintura,

    e Celeste,

    igual,

    ante imprevisíveis emboscadas,

    resina d’instantes.

    A Leste do Paraíso,

    lembras?

    O filme não,

    o livro li há muito.

    ‘Jesus is a soul man!’

    O mais violento e manso

    dos humanos.

    O coração vazio, a alegria.

    Fugir até à cidade.

    Que é teu,

    que, entre casa e rua,

    não houvesses estragado?

    Redizes Aleluia?

    Teus beijos, colombina.

    Sorrisos, reencontro.

    Blue-jeans rafadas, sonido.

    As flores alumiam.

    Engrinaldam-se trepadeiras.

    Pássaros cantam

    o raiar da alegria quente.

    Cresce

    o Sinal.

    Um Te inquiriu

    se eras Rei.

    Tu o disseste,

    respondesTe,

    a chaga Tua viva,

    à Jerusalém Sem Fim.

    Na evocação

    mais firme

    dO Teu Nome,

    subo escadas;

    e ouço: Nega-te. Segue-Me. Ama.

    Matar com sono obsessões.

    ‘Um silêncio,

    com estrelas aparece,

    pra lá da desolação.’

    Um anjo desagrilhoou Pedro.

    Aspérrimo luzeiro

    sacudindo-o

    o livrou.

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