segunda-feira, 31 de maio de 2010

MOV02915 Novo_Milénio_ _ Poesia rescrita e dita por Ângelo Ochôa.MPG

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  1. Novo Milénio

    Redonda que nem O,

    a formosa lua

    repousa no zénite

    do horizonte.

    -

    Presa ao corrimão da escada,

    a bicicleta do sonho;

    nela galgo degraus e patins,

    milhentos andares.

    -

    Mesa,

    onde a água, o quente café;

    repouso a movimento;

    pra versos motivo.

    -

    Cinzeiro

    com cinzas, fumos;

    enche-se dum sobejo ar.

    -

    Radiozinho,

    sons, vozes, luas;

    ósculos a ouvidos,

    qu’auscultam.

    -

    Esferográfica,

    riscando o plano, desliza;

    verdade a preencher a luz.

    -

    Moedas esquecidas,

    um troco distante;

    a que jazem aí,

    se a mundo devidas?

    -

    Gentes,

    irrompendo,

    a entrada perpassam;

    anelam p’lo dia,

    por enquanto incerto.

    -

    A hora entreaberta,

    tangem-se plenitudes.

    -

    A planta,

    escondida, subindo húmus;

    pouco, mas tanto, teimando crescer.

    -

    A espada,

    o espírito, a palavra inflamada;

    recolhidos os versos, relê-se o transcrito;

    confluem para a vida desvairados andantes.

    -

    Da porta

    a passagem.

    Ora o coração.

    -

    Maria o Filho nos dá;

    com Ela sonhamos.

    -

    Envolvente capote

    o corpo me abriga;

    agasalha-me a alma;

    veste-me o dia.

    -

    Seja véspera

    da maior novidade;

    encete-se

    partida.

    -

    Ramerrão,

    automóveis

    por insondável desvio.

    -

    Retorno ao pão,

    à palavra, à paz,

    terreno sabor.

    -

    Óculos pra ver perto:

    Luzentes evidências

    a mim se imprimam;

    alegrem-me ânimos.

    -

    Olhos pra ver longe,

    opacas barreiras

    fazei desmoronarem-se;

    envolvam-vos distâncias.

    -

    Sonhos ar

    do meu olhar

    deixam nuvens

    abandonadas.

    -

    Botas d’encantamento,

    a corridas novas

    com solas gastas;

    que os atacadores

    não se desapertam.

    -

    Isqueiro, breve chama,

    disparada pela chispa;

    repentina crispa

    baça luz ao transeunte ver;

    ateie-se jubilosa labareda.

    -

    Volante cachecol,

    a vagalhões eólicos,

    aconchegues-me a voz;

    e, improviso, me guardes.

    -

    Fio d’óculos,

    liberta-me prà lonjura;

    as lentes suspende;

    também quanto pese.

    -

    Relógio fixo a pulso e desalento,

    pronto esqueça teu mostrador

    de inexoráveis traços,

    cale teu ponteado cromático,

    mas levante mãos.

    -

    Cruz,

    contentamento

    pra alargado

    amanhã.

    -

    À janela

    estou dentro

    e fora.

    -

    Família,

    fundamentos

    pra humana ponte.

    -

    Bensaúde: Aquática memória.

    Estevais: Na fraga, o alto tojo.

    San Martino: Los raros cangarêgos.

    Freixo de Espada-à-Cinta: Inacessível romança.

    Barcelos: Embarques tímidos versos nesse sereno Cávado.

    Braga: À luta, à praça te convocam.

    Lisboa: Caravelas deixaram fumo, nada.

    Setúbal: Desterro, refúgio, gozosa liberdade.

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