Novo MilénioRedonda que nem O,a formosa luarepousa no zénitedo horizonte.-Presa ao corrimão da escada,a bicicleta do sonho;nela galgo degraus e patins,milhentos andares.-Mesa,onde a água, o quente café;repouso a movimento;pra versos motivo.-Cinzeirocom cinzas, fumos;enche-se dum sobejo ar.-Radiozinho,sons, vozes, luas;ósculos a ouvidos,qu’auscultam.-Esferográfica,riscando o plano, desliza;verdade a preencher a luz.-Moedas esquecidas,um troco distante;a que jazem aí,se a mundo devidas?-Gentes,irrompendo,a entrada perpassam;anelam p’lo dia,por enquanto incerto.-A hora entreaberta,tangem-se plenitudes.-A planta,escondida, subindo húmus;pouco, mas tanto, teimando crescer.-A espada,o espírito, a palavra inflamada;recolhidos os versos, relê-se o transcrito;confluem para a vida desvairados andantes.-Da portaa passagem.Ora o coração.-Maria o Filho nos dá;com Ela sonhamos.-Envolvente capoteo corpo me abriga;agasalha-me a alma;veste-me o dia.-Seja vésperada maior novidade;encete-separtida.-Ramerrão,automóveispor insondável desvio.-Retorno ao pão,à palavra, à paz,terreno sabor.-Óculos pra ver perto:Luzentes evidênciasa mim se imprimam;alegrem-me ânimos.-Olhos pra ver longe,opacas barreirasfazei desmoronarem-se;envolvam-vos distâncias.-Sonhos ardo meu olhardeixam nuvensabandonadas.-Botas d’encantamento,a corridas novascom solas gastas;que os atacadoresnão se desapertam.-Isqueiro, breve chama,disparada pela chispa;repentina crispabaça luz ao transeunte ver;ateie-se jubilosa labareda.-Volante cachecol,a vagalhões eólicos,aconchegues-me a voz;e, improviso, me guardes.-Fio d’óculos,liberta-me prà lonjura;as lentes suspende;também quanto pese.-Relógio fixo a pulso e desalento,pronto esqueça teu mostradorde inexoráveis traços,cale teu ponteado cromático,mas levante mãos.-Cruz,contentamentopra alargadoamanhã.-À janelaestou dentroe fora.-Família,fundamentospra humana ponte.-Bensaúde: Aquática memória.Estevais: Na fraga, o alto tojo.San Martino: Los raros cangarêgos.Freixo de Espada-à-Cinta: Inacessível romança.Barcelos: Embarques tímidos versos nesse sereno Cávado.Braga: À luta, à praça te convocam.Lisboa: Caravelas deixaram fumo, nada.Setúbal: Desterro, refúgio, gozosa liberdade.
Novo Milénio
ResponderEliminarRedonda que nem O,
a formosa lua
repousa no zénite
do horizonte.
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Presa ao corrimão da escada,
a bicicleta do sonho;
nela galgo degraus e patins,
milhentos andares.
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Mesa,
onde a água, o quente café;
repouso a movimento;
pra versos motivo.
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Cinzeiro
com cinzas, fumos;
enche-se dum sobejo ar.
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Radiozinho,
sons, vozes, luas;
ósculos a ouvidos,
qu’auscultam.
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Esferográfica,
riscando o plano, desliza;
verdade a preencher a luz.
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Moedas esquecidas,
um troco distante;
a que jazem aí,
se a mundo devidas?
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Gentes,
irrompendo,
a entrada perpassam;
anelam p’lo dia,
por enquanto incerto.
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A hora entreaberta,
tangem-se plenitudes.
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A planta,
escondida, subindo húmus;
pouco, mas tanto, teimando crescer.
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A espada,
o espírito, a palavra inflamada;
recolhidos os versos, relê-se o transcrito;
confluem para a vida desvairados andantes.
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Da porta
a passagem.
Ora o coração.
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Maria o Filho nos dá;
com Ela sonhamos.
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Envolvente capote
o corpo me abriga;
agasalha-me a alma;
veste-me o dia.
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Seja véspera
da maior novidade;
encete-se
partida.
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Ramerrão,
automóveis
por insondável desvio.
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Retorno ao pão,
à palavra, à paz,
terreno sabor.
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Óculos pra ver perto:
Luzentes evidências
a mim se imprimam;
alegrem-me ânimos.
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Olhos pra ver longe,
opacas barreiras
fazei desmoronarem-se;
envolvam-vos distâncias.
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Sonhos ar
do meu olhar
deixam nuvens
abandonadas.
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Botas d’encantamento,
a corridas novas
com solas gastas;
que os atacadores
não se desapertam.
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Isqueiro, breve chama,
disparada pela chispa;
repentina crispa
baça luz ao transeunte ver;
ateie-se jubilosa labareda.
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Volante cachecol,
a vagalhões eólicos,
aconchegues-me a voz;
e, improviso, me guardes.
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Fio d’óculos,
liberta-me prà lonjura;
as lentes suspende;
também quanto pese.
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Relógio fixo a pulso e desalento,
pronto esqueça teu mostrador
de inexoráveis traços,
cale teu ponteado cromático,
mas levante mãos.
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Cruz,
contentamento
pra alargado
amanhã.
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À janela
estou dentro
e fora.
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Família,
fundamentos
pra humana ponte.
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Bensaúde: Aquática memória.
Estevais: Na fraga, o alto tojo.
San Martino: Los raros cangarêgos.
Freixo de Espada-à-Cinta: Inacessível romança.
Barcelos: Embarques tímidos versos nesse sereno Cávado.
Braga: À luta, à praça te convocam.
Lisboa: Caravelas deixaram fumo, nada.
Setúbal: Desterro, refúgio, gozosa liberdade.