segunda-feira, 31 de maio de 2010

MOV02681_do_ Poema_Um_1965_por_Ângelo_Ochôa (2).MPG

1 comentário:

  1. três vezes Z cinzento.

    Luzes facetando-se - um clown equilibrando-se num arame cortante -

    quase nada - infinitamente.

    Os dias seguidos - agudezas - dedos - losangos - vidros.

    Crueza - grãos poeira - partículas caspa - caracteres tipográficos.

    O soalho - agulhas - sons opacos -

    os nomes das pessoas conhecidas nas paredes.

    Os nós dos ossos dos dedos - o peso dos ombros.

    Roseiras - barro - lájeas - garagens - ouvidos ar.

    Os cabelos soltos - a nuca - nunca - sim - hoje.

    Verde a relva - verde a relva - verde.

    I know your name. Your name Is. I know. You know. I know.

    Os ferros - os cimos altos - eu sei - não sei - as horas deslumbradas.

    De átomos átomos - de constelações constelações.

    Obsessão dos sons - os cotovelos roendo-se nas janelas.

    A manhã - a cidade - larga a avenida.

    O telhado - da chaminé a cal - o beiral de lata -

    a lonjura branca - a gelosia. O ângulo da mesa - o azul e…

    Flamingos - lagos - voos - cortinas - dedos - unhas.

    Pouco a pouco o poema trabalho.

    Braços - tijolos - redes - mínimas gotículas - duma criança a fala.

    Estradas - bicicletas - letras.

    Tectos - estantes - portas - carris - lápis - estrela.

    Escusado dizer noite.

    Na areia o sol por entre os ramos d’ar.

    Escadas - chuva - resto de rio que vi.

    As mãos - o alcatrão - um operário - o corpo - a sombra - um cigarro.

    Aço - tábuas - inexistência. Ponte - longe perto vultos - areal.

    As palavras que faltavam - as palavras que faltavam -

    Maria - Manuel - Deus connosco.

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