sábado, 19 de junho de 2010

MOV03191_As Cidades de Israel_Manuel Pedra_Ângelo Ochôa (2).MPG

1 comentário:

  1. MOV03191_As Cidades de Israel_Manuel Pedra_Ângelo Ochôa (2).MPG
    Sereno,
    no plano fundo
    do lago, o sono brando
    do Outono, o abandono.
    -
    Perdeu o nome a existência, disco rolando incansável.
    Na aguarela do Mendão a praia em ébria insolação.
    -
    Alegria de Amar:
    Os noivos na madrugada
    deitaram fora os poemas:
    Tinham resolvido o amor,
    as janelas rasgadas:
    Resolveram,
    decididamente resolveram.
    Os olhos ventoinhas denunciam terra.
    Não faz bem às pessoas certas ver nudez.
    Morderiam as bocas todos os dias.
    Encontraram-se a primeira vez sós num espaço.
    -
    A aldeia em pensamento;
    a que distância
    as casas mais próximas da sua;
    a angustiada voz
    desperta;
    a rapariguinha,
    o prado adiante;
    pedrinhas da calçada
    a desinquietarem infância.
    -
    Vou a um outro dia,
    com pernas para a frescura.
    De deambular por fora,
    longe do meu canto,
    esqueci, há muito,
    a humilhação poética.
    Diluí-me em abraço,
    no povo, mais do que na letra.
    Evado-me de idear
    quanto me nega.
    Vou esquecer-me
    de emendar a fantasia;
    seguir ao rés da terra
    p’lo tisnado dia.
    -
    Desenrolando vou
    a acção obscura:
    O amanhã trará
    outra cor.
    -
    Alados,
    nas antemanhãs,
    lembram a paz,
    a calamidade,
    a dor
    ou a redenção?
    Lêem o livro
    interminável.
    Umas mil vezes lêem,
    e relêem,
    para lá,
    o escrito.
    Porque lhes apraz estão de pé.
    Cada criança ferem com essa força
    que nasce coração.

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