MOV03305 Fim do Caleidoscópia _Ângelo Ochôa (1).MPG(37.4MB)http://www.youtube.com/watch?v=_mHHnioIcYMangeloochoa poesia portalegre fatima sol jerusalem setubal porto amarante bar MOV03305 Fim do Caleidoscópia _Ângelo Ochôa.MPG(103MB)http://www.youtube.com/watch?v=iLljQXYKRdwPodes morrer, que o sol continuarásobre ondas explanando-se na areia,a lua ciclicamente plenificando-se,os montes, lombos ermos, maravilhando,niñas flores espreguiçando-se,vozes do vento, prenhes memórias.-Caíste indefesano covil das cínicas facadas,sorte madrasta,vómito ritual.Prodígio fatimida,sol resplende.Porque não o comercializamem embalagens?-Abelhapelas flores sardinheiras,pródiga mantença.-Pelas traseiras, na praceta,passavam a cismar uns vultos sós.Lembro de que nossas filhas andavam longe:A arquitecta p’lo Mar Vermelho,a actriz por Barcelona.Minha mãe quebrava um braço na Costa Nova,quando arrancava flores.Isto por inícios de aulas,vaguejava o papa p’la Arménia.Acabávamos de ver O Carteiro de Pablo Neruda.E desabafava:Apostada em cuidar-me transes, companheira?-Sólida árvore coração,sólido ar teu olhar,sólida ternura meu amor.-Estremecimentos,meiguice,o todo morre-se-nos.Só somos divinosquando admiramosO Corpo TotaldO Cristo,afiadíssima adagaaté à alma.-Poetar é rezar,levar a céus e terraversos magoados;amor é animada ciênciade ter Deus,sentido para quem abrasa a só candura;a música, a luz, a linguagemsupõem intérprete;denote-se quanta fecundidadeembebe o cosmo.-Portalegre, Museu da Tapeçaria:A caligrafia poéticaconsiste em completa teiadia a dia tecida com os nós em lãdas todas as cores que hápor onde nadam algumasvivíssimas sanguíneas gotículas.-Vou para Casa:Irrequieto sapato novodo provecto actor avô,entretémpra pasmar;enternecendo-nos,mortos.-Todos os anoslembramosabalados;pó irmãonos é igual.Respiramo-lo.-Fátima,Rainha,somos filhosmesmodesgarrados.
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angeloochoa poesia portalegre fatima sol jerusalem setubal porto amarante bar
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http://www.youtube.com/watch?v=iLljQXYKRdw
Podes morrer, que o sol continuará
sobre ondas explanando-se na areia,
a lua ciclicamente plenificando-se,
os montes, lombos ermos, maravilhando,
niñas flores espreguiçando-se,
vozes do vento, prenhes memórias.
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Caíste indefesa
no covil das cínicas facadas,
sorte madrasta,
vómito ritual.
Prodígio fatimida,
sol resplende.
Porque não o comercializam
em embalagens?
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Abelha
pelas flores sardinheiras,
pródiga mantença.
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Pelas traseiras, na praceta,
passavam a cismar uns vultos sós.
Lembro de que nossas filhas andavam longe:
A arquitecta p’lo Mar Vermelho,
a actriz por Barcelona.
Minha mãe quebrava um braço na Costa Nova,
quando arrancava flores.
Isto por inícios de aulas,
vaguejava o papa p’la Arménia.
Acabávamos de ver O Carteiro de Pablo Neruda.
E desabafava:
Apostada em cuidar-me transes, companheira?
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Sólida árvore coração,
sólido ar teu olhar,
sólida ternura meu amor.
-
Estremecimentos,
meiguice,
o todo morre-se-nos.
Só somos divinos
quando admiramos
O Corpo Total
dO Cristo,
afiadíssima adaga
até à alma.
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Poetar é rezar,
levar a céus e terra
versos magoados;
amor é animada ciência
de ter Deus,
sentido para quem abrasa a só candura;
a música, a luz, a linguagem
supõem intérprete;
denote-se quanta fecundidade
embebe o cosmo.
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Portalegre, Museu da Tapeçaria:
A caligrafia poética
consiste em completa teia
dia a dia tecida com os nós em lã
das todas as cores que há
por onde nadam algumas
vivíssimas sanguíneas gotículas.
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Vou para Casa:
Irrequieto sapato novo
do provecto actor avô,
entretém
pra pasmar;
enternecendo-nos,
mortos.
-
Todos os anos
lembramos
abalados;
pó irmão
nos é igual.
Respiramo-lo.
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Fátima,
Rainha,
somos filhos
mesmo
desgarrados.