segunda-feira, 21 de junho de 2010

MOV03201_Louvor_da_Luz_d_Ochôa.MPG

1 comentário:

  1. X) Louvor da Luz

    Da pompa

    incomparável

    engalanados

    lírios.

    -

    Com saudades morre o entardecer.

    Ao plátano folha cai.

    Num raminho saltita um pardalito.

    Perto vagueando perdem-se bambinos.

    A sonhar bicicletas loucas uns pedalam.

    Nuvens cor a café com leite imobilizam.

    -

    Folhagem bailando ao quê da luz;

    jovens p’lo clima ameno

    a tudo atiçam fulgurações;

    um dia desperta expandindo-se

    a apelativos recantos.

    -

    Esfuziante alvura a nascente;

    quase nos faltam olhos,

    tamanho é o milagre.

    -

    Cogitam pardos patos

    enquanto nadam?

    -

    Barcos atracados,

    às ondas, por margens.

    -

    Das giestas

    amarelidão.

    -

    ‘El mar del corazón late despacio,

    en una calma que parece eterna.’

    Com pasmo se alonga o meu olhar

    pra perder-se na lisura do horizonte.

    Sejam plenos, fundos, estes dias,

    na leveza imersos encham alma,

    renasçam do vago alumbramento.

    -

    ‘Por cada flor estrangulada

    há milhões de sementes a florir.’

    Ergue-te, novo sol,

    a lourecer cantos.

    -

    ‘As estrelas mortas

    apagam-se aos molhos.

    Vem, lume perdido,

    florir-nos os olhos.’

    Recreiam-se florações a lonjuras.

    Reacendem-se após doença

    felizes enamoramentos.

    -

    Sol sumido sob o poente,

    a flor do mar a tanger-nos ainda.

    -

    A claridade

    imbricando suavidades.

    -

    ‘Sol nulo dos dias vãos,

    cheios de lida e de calma.’

    Contudo aqueces as mãos,

    contudo animas a alma,

    contudo, abrindo à nudez,

    mil frémitos acirras.

    -

    Lobo no covil, o coiraçado poeta,

    fugidias imagens perpassando-lhe retinas,

    alucinantes incêndios versifica.

    -

    Cenário dos dias,

    vazio imenso borbulhante,

    vinho rubro ante o olhar metralhado.

    -

    (...)
    Hoje, à plenitude do espírito,

    deixe imprimirem-se-me

    paisagens intocáveis.

    A calada presença constrange

    a pôr final registo,

    e louvar quanta maravilha.

    -

    Por uma força maior

    até aos vãos dO Deus

    ecos se acumulam,

    porções epopeia,

    considerável sobra.

    -

    Olhes árvores

    resplendendo p’los passeios,

    e intentes nítidas leituras.

    -

    A partir de agora

    se aclare

    a etérea rede

    enredada

    a alvorecer

    milénio novo.

    -
    (...)
    Gato brinca amanhecendo,

    esquivo pássaro afoga-se

    na aérea luz.
    ---

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